Editorial

É parte do dia a dia, ainda que nem se perceba, é encontrado em diferentes formas e pode assumir múltiplas faces. Muitas vezes, não é reconhecido, embora sempre tenha valor. E um exemplo disso é o que narra o escritor moçambicano Antônio Emílio Leite Couto, 65, mais conhecido como Mia Couto, nas páginas 14 e 15 do livro “E se Obama fosse africano? E outras interinvenções”, publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras, em 2011. “Sou biólogo e viajo muito pela savana do meu país. Nessas regiões encontro gente que não sabe ler livros. Mas que sabe ler o seu mundo. Nesse universo de outros saberes, sou eu o analfabeto (...) Nessas visitas que faço à savana, vou aprendendo sensibilidades que me ajudam a sair de mim e a afastar-me das minhas certezas”.

 
E sair de si, afastar-se das certezas e observar questões que fazem parte dos diferentes conhecimentos que existem são atividades que instigam o pesquisador. Assim, os conhecimentos – sejam os empíricos, construídos através das experiências de vida; sejam os científicos, gerados por meio das pesquisas e dos princípios das ciências; e ainda os filosóficos, que se voltam para as reflexões sobre ideias e conceitos; ou os teológicos, que são baseados na fé –, são matéria prima para os estudos. Esses conhecimentos geram histórias, memórias e referências que constroem a cultura de um povo, influenciam os modos de vida e o jeito como a realidade pode ser percebida e entendida. E é da realidade e do dia a dia – ponto em comum entre vários saberes –, que surgem as propostas para as pesquisas que, nas mais distintas áreas, elaboram o conhecimento científico, tema da primeira edição do “Perspectivas” em formato transmídia, tendo como eixo integrador, o tema “Pesquisa: a ciência no dia a dia”. 

A proposta é desenvolvida via Laboratório de Jornalismo Multimídia, por meio do projeto “Jornalismo transmídia: criação, produção e vivências jornalísticas”, aprovado no Edital 01/2020 do Programa de Apoio à Extensão da UEMG (PAEx). O conteúdo é desenvolvido em diferentes mídias e ao programete de TV voltado para divulgação científica e produzido desde 2017, juntam-se documentário, publicação digital, rede social e portal, de modo que as produções, ainda que interdependentes, possam ser complementares umas às outras, promovendo não só a convergência de mídias, mas também a cultura participativa, a fim de ampliar e aprofundar as histórias narradas.

 
Daniela Martins, coordenadora do projeto de extensão “Jornalismo transmídia: criação, produção e vivências jornalísticas 
Roberta Carvalho Santos, estudante de Jornalismo e bolsista de extensão (PAEx)